Antares Incandescente: a resenha do volume dois de Lost Canvas - Gaiden



A vida de todos tem um limite desde o começo.
Nada garante que todos tenham um amanhã. 
Por isso, eu sempre queimo as chamas da minha vida. 
Não me importa o dia em que atingirei meu limite.”

Eu já falei sobre o volume 01 Lost Canvas – Gaiden, aqui. O primeiro falava sobre Albafica de Peixes. Agora é a vez de Kardia de Escorpião.

Pra quem não sabe, rolou uma introduçãozinha ao Gaiden lá no primeiro post. Como eu disse lá, todo mundo concorda que Cavaleiros do Zodíaco é aquele mangá/anime que tem um cantinho reservado no coração de todo nerd. E no desenvolvimento desse universo, tivemos Lost Canvas, contando a história da Guerra Santa anterior, aquela na qual Dohko e Shion lutaram como titulares da casa de Libra e Áries. Aí, pra desenvolver um pouco mais a história dos cavaleiros dourados daquela época, tivemos Lost Canvas – Gaiden, com cada volume focado em um dos cavaleiros dourados.

Esses mangás são reunidos em um volume único que, aqui, tem sido publicado pela JBC. O volume 02 é estrelado pelo cavaleiro da oitava casa, Kardia de Escorpião.

A história começa com Kardia e a pequena Sasha (a encarnação de Athena daquela geração) passeando fora do Santuário, sem que o cavaleiro saiba, ainda, que a criança se trata da deusa que ele deve proteger. Nessa viagem, eles acabam entrando no bar de Carbella, e acabam ajudando-a numa confusão envolvendo estranhos que pretendiam raptar a proprietária. Esses homens se identificam como Jaguares, e mencionam que estão em busca de Carbella há um bom tempo. Quando já estão de saída, levando Carbella à
força, Kardia interfere e a resgata.

Em troca, Carbella acaba hospedando Sasha e botando Kardia pra fora. O cavaleiro aproveita pra fazer uma ronda e se depara novamente com os Jaguares, agora transmutados em híbridos humano/felinos. Derrotando-os novamente, surge Wesda, que afirma ser o sacerdote do sol.

Em busca de corações fortes para ofertar ao seu deus do sol, Wesda percebe o calor que emana do coração do escorpião. Então, utiliza uma técnica que insere um “dente” no braço do cavaleiro dourado, para que todo o calor do cosmo de Kardia seja sugado para alimentar o Deus da guerra Tezcatlipoca. Esse dente “caminhará” em direção ao coração do Escorpião e, com isso, matará o cavaleiro. A partir daí segue a batalha de Kardia para proteger Sasha e Carbella de Wesda e seus asseclas.

A história envolve muita mitologia Asteca e vai nos levando a conhecer melhor Kardia e sua personalidade impetuosa, especialmente pelo finalzinho, que nos conta um pouco de sua infância.

Kardia é conhecido por ter uma doença em seu coração que é controlada por uma técnica secreta que lhe foi passada ainda na infância. Ainda assim, essa técnica aquece seu coração e esse calor pode ser canalizado em suas técnicas

O destaque da história é a mensagem de Kardia sobre queimar sua vida ao máximo, aproveitar tudo em razão da incerteza do amanhã. O roteiro é bem divertido, especialmente por fugir também do eixo greco-romano de CDZ, entrando mitologia asteca a fora.

Como a maioria dos Gaiden, vale muito a pena. Eu, particularmente, adoro o traço da Shiori Teshirogi e acho que os arcos de Gaiden acrescentaram bastante à mitologia de Cavaleiros.

Pegue o seu e aproveite.




KURUMADA, Masami; TESHIROGI, Shiori. Os Cavaleiros do Zodíaco - The Lost Canvas: Gaiden, vol. 2. São Paulo: JBC, 2012.
Preço de capa: R$ 12,90.


Resenhando: BIZARRO!



“Mim não sentir muito. 
Mim ficar muito satisfeito que todo mundo não me entender! 
Ser assim que você nunca se sentir?”


O Encadernado é esse
Quem acompanha os quadrinhos nacionais já conhece o nome do Gustavo Duarte, tanto dos trabalhos autorais (Có!, Birds, Monstros), como da Graphic MSP do Chico Bento. Com um estilo cartunesco e divertido, Gustavo Duarte fechou com a DC Comics para ilustrar uma história com roteiro de Heath Corson, que falaria sobre o inimigo invertido do Superman: Bizarro.

Só que, e essa é a grande sacada, a série tem uma proposta mais descontraída e divertida, o que aproveita muito a arte do Gustavo e as possibilidades de roteiro que se abrem com um personagem que processa informações através de seus antônimos.

Aproveitando aquele conceito clássico (desenho do superamigos, lembra?) de que Bizarro viria de uma dimensão/planeta invertido, nesta história, Bizarro se vê como um herói e, na sua inocência, ele só tenta ajudar a todos em Metrópolis. Contudo, em razão de suas confusões, toda a população quer se ver livre dele, mas não sabe como, devido ao fato dele ser a segunda criatura mais poderosa da cidade.

Enquanto faziam piada sobre a situação, Clark Kent sugere que eles precisam se livrar do alien invertido e Jimmy sugere pegá-lo, levar até o Canadá e dizer que ali seriam os “Estados Unidos Bizarros” e que ele seria bem-vindo ali. Clark diz que se Jimmy fizesse isso, teria material para um livro que seria um grande sucesso.

Jimmy então topa a brincadeira, pega um carro, convence o Bizarro a fazer a viagem (sem comentar sobre o livro) e parte em uma road trip pelos Estados Unidos, com direito a participações de outros heróis, agentes do FBI (Argus), soldados, outros aliens, etc.

A história é divertida, com um alívio cômico sensacional, que contrasta bastante com a veia séria e sóbria que a DC segue atualmente. O traço cartunesco deixa as coisas bem engraçadas e os personagens vão sendo incluídos de uma forma cômica, mas respeitando seus contextos originais. Isso, sem falar em várias referências da cultura
pop que vão aparecendo no decorrer da história, tanto no texto quanto na arte.

Os diálogos com o Bizarro podem ser um pouquinho cansativos as vezes já que, como ele pensa e interpreta tudo de forma invertida, as falas são basicamente o antônimo do que realmente querem dizer, o que pode dar uma desempolgada na leitura. Mas tirando isso, a história vale a pena descontrair e fugir um pouco da rotina normal dos quadrinhos super-heróicos.

PS: meu personagem preferido da história é Colin, o chupacabra.

Saldo geral: vale a pena sim!




CORSON, Heath; DUARTE, Gustavo. Bizarro. Barueri/SP: Panini, 2016.
Capa cartão. 148 áginas. Colorida.
Preço de capa: R$ 21,90.




Resenhando: Gavião Arqueiro - Minha vida como uma arma



“(...) você vai errar todo e qualquer disparo que não se der ao trabalho de fazer. 
Isso não é viver a vida... É ser só um turista.
 Faça todos os disparos, Kate. Se valer a pena, 
se importar, por mais impossível que pareça, 
faça o disparo.”

O Encadernado é esse aqui
Depois de muita demora em reativar isso aqui, vamos de novo, porque escrever é preciso. E pra celebrar idas, vindas, voltas e reviravoltas, vamos falar de Gavião Arqueiro, afinal, quem melhor pra representar isso: já foi vilão, já foi herói, já morreu, já voltou, já... enfim.

A Panini vem, já faz um tempinho, publicando a fase Marvel Now aqui. E em um dos mix de histórias, vinha saindo na revista do Capitão América & Gavião Arqueiro o arco de Matt Fraction e David Aja à frente da revista do Gavião. Mas, como eu sei que nem todo mundo tem paciência (e $$, infelizmente) pra acompanhar as mensais, vamos falar desse lindo encadernado que saiu recentemente, reunindo as edições 1 a 5 da série do Gavião e a 6 de Youg Avengers Presents.

Nessa história, Matt Fraction nos leva ao cotidiano de Clint Barton fora dos Vingadores. Bom, mais ou menos, já que trabalhos como Vingador e Agente da SHIELD não têm muito respeito pela barreira profissional/pessoal.

Mas, enfim, a história se inicia com a vizinhança de Barton, e começa com ele tentando ajudar a resolver os problemas dos moradores do seu prédio, que estão sendo despejados por um inquilino um tanto truculento. Além disso, Clint resgata um cachorro, firma as bases de seu relacionamento mentor/aluna (mas tá mais pra amigo/amiga) com Kate Bishop e realiza uma missão especial pra SHIELD.

Só pra relembrar, Kate Bishop é a Gaviã Arqueira dos Jovens Vingadores (Hulkling, Wiccano, Patriota, Célere, etc), que herdou o manto de “Hawkeye” do próprio Capitão América. A última história do encadernado (Youg Avengers Presents, 6) conta o primeiro
De uniforme
encontro entre eles, quando Clint vai em busca da Kate pra resolver esses detalhes de legado (o arco e o nome dele estavam com ela, lembrando que em inglês, na falta de substantivos diferentes para gêneros, ambos se chamam Hawkeye). Destaque pra uma referência “Hobin Hoodiana” (existe isso?), adequada pra um encontro entre arqueiros.
Na tentativa de não dar muitos spoilers, vou fazer um resuminho rápido sobre cada edição:
- Na primeira, há uma contextualização do cenário, o apartamento em que Clint está morando, sua relação com a vizinhança e sua disposição a tentar resolver os problemas deles, mesmo se utilizando de meios que o Capitão América não aprovaria.
- Na segunda, o Circo chega na cidade e os Gaviões estão desconfiados de que tem mais coisas acontecendo por trás do espetáculo. A interação entre Clint e Kate evolui bastante aqui.
- Seguimos então para a terceira e a história se desenvolve em uma corrida pra salvar uma moça (não tão mocinha) de uma enrascada com a mesma galera que deu trabalho pros vizinhos do herói. Mulheres que o arrastam pra confusões, que o levam a usar suas flechas especiais.
- A quarta e a quinta já vão a área da espionagem e serviços para SHIELD. Uma fita com algo sigiloso do passado de Clint vai a leilão, e as principais organizações criminosas se interessam por ela, caso ele não consiga recuperá-la primeiro.



Todo o conjunto do encadernado é muito bom e teve ótimas críticas (a arte de David Aja levou dois Eisner em 2013, como desenhista e capista) celebrando a humanidade do herói “menos poderoso” dos Poderosos Vingadores. É divertido, também, ver o Gavião lidando com problemas mais cotidianos.
Tio Matt

A arte (já falei que foi premiada, né?) é limpa e fluída, sem falar no alívio cômico gráfico, que torna a história bem divertida de se ler.

Há boas piadas, a interação do Gavião com os outros personagens é bem construída e essas primeiras edições prestam uma boa homenagem à história de Clint Barton. Tem referências à sua origem circense, ao seu mentor, à fama de mulherengo, às flechas especiais... Enfim, tudo que representa o Gavião está retratado ali, de uma forma bem contextualizada e gostosa de ler.

Preciso dizer que eu recomendo, e muito?




FRACTION, Matt; AJA, David; PULIDO, Javier; DAVIS, Alan. Gavião Arqueiro: Minha vida como uma arma. Barueri/SP: Panini, 2015.
Capa dura. 140 páginas. Colorida.
Preço de Capa: R$ 26,90 (mas tem promoções por aí ;)
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