Resenha: O pacto. O melhor dos diabos contra o pior dos homens.


 “Talvez fosse sempre assim. 
Talvez todos os planos do Diabo não fossem nada 
comparados ao que os homens 
conseguem tramar.”



A cara de bom moço do
Joe Hill
Ele está chegando!
Sim, o diabo está chegando por aí, ou ao menos uma versão dele. Daniel “Harry Potter” Radcliff vem por aí na adaptação de “O Pacto”, escrito por Joe Hill, filho do Mestre do suspense sobrenatural Stephen King.

Entre as várias coisas que consegui ler nesse tempinho ausente (mudança de emprego, de cidade, de vida...rs) este foi um que se destacou na listinha e mereceu resenha.

Ignatius Perrish é a personificação da normalidade. Alguém um pouco tímido, asmático, normal. Filho de um músico pseudofamoso, Ig iria viver uma vida tranquila e pacata, até certo ponto, sem saber o que fazer. A grande diferença entre eu e vc e Ig é que ele sabe o que é o amor. Desde criança a vida de Ig estava entrelaçada à de Merrin Willians, a ruivinha que conheceu na igreja da pacata cidade de Gideão. Merrin e Ig eram o casal que todos invejavam. Mais que namorados, eram amigos, eram o contraponto um do outro, o complemento capaz de fazer a vida perfeita.

Contudo, quando Ig está indo trabalhar no exterior por seis meses, as coisas começam a mudar. Um dia antes da partida, Merrin se encontra com Ig e, contra as expectativas dele de uma noite de sexo de despedida encerrada com votos de que esperaria por ele, Merrin termina o relacionamento, num bar, cheio de pessoas ao redor. Ele, então, faz o que todo homem magoado e com orgulho ferido faria: toma um porre daqueles. No dia seguinte, ainda de ressaca, Ig está no aeroporto, pronto pra pegar seu vôo para a Inglaterra quando é abordado pela polícia. Merrin está morta. Encontrada violentada, agredida com uma pedrada na cabeça e com a gravata de Ig em volta do pescoço, fazendo dele o principal suspeito. Contra todas as expectativas da população de Gideão que o considera culpado, Ig se safa da condenação e entra numa espiral de autopiedade.

Um ano depois, após uma nova noite de bebedeira pra amenizar a culpa e a saudade, Ig acorda com uma forte dor de cabeça. Surpreendentemente, não é resultado do porre, mas sim de um par de chifres que começa a nascer em suas têmporas. E os chifres vem acompanhados de um poder estranho: toda pessoa que se encontra com Ig, além de não estranhar sua nova aparência, sente-se compelida a contar seus piores segredos, suas vontades mais obscuras.

Enquanto tenta compreender como ganhou os chifres, Ig parte em busca de entender o que está acontecendo e como isso pode ser útil para descobrir o que realmente aconteceu um ano atrás. Mas, até que ponto ele conseguirá suportar os segredos mais sórdidos dos outros, inclusive daqueles que lhe são mais próximos? Especialmente, depois de descobrir que duas de suas pessoas mais queridas esconderam fatos sobre a morte de sua amada...

O livro é uma aventura fantástica sobre a realidade das relações humanas, o número de máscaras que usamos e o quanto as convenções sociais, religiosas e até mesmo o medo nos inibe de realizar nossas vontades mais sombrias. Ig se aventura nos desejos e segredos mais íntimos e sombrios dos outros, que quando se deparam com seus chifres o acolhem como seu demônio particular, despejando suas vontades mais estranhas e depravadas, levando-nos a uma questão que aborda até a teologia: é o Diabo que nos tenta ou nós que lhe impomos essa responsabilidade, na tentativa de fugir de nossa própria culpa por esses desejos impróprios?

A capa da minha edição
:D
Enfim, o livro levanta, através da ficção sobrenatural, uma série de debates interessantes, à medida em que Ignatius vai se percebendo, cada vez mais, como uma nova personificação do diabo. Enquanto Ig segue avançando em seu novo papel de demônio iniciante, vamos nos deparando com o quão perturbada pode ser a natureza humana, mostrando que, algumas vezes, o melhor dos diabos não é tão ruim quanto o pior dos homens.

Vale muito a pena! Me esforcei pra não dar muitos spoilers aí na resenha, mas acho que contei o suficiente pra chamar a atenção, né?

Desde já, fica a dica: o livro está esgotado na editora, mas provavelmente, com o boom da adaptação cinematográfica que vem por aí, deve ser lançada uma nova edição. Eu, curioso que sou, conheci a história através do trailer do filme e fui atrás pra ler antes de assistir. Não me decepcionei!


E pra quem ficou curioso com o filme que vêm por aí, segue o trailer legendado de Horns (O pacto):


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1 Comentario "Resenha: O pacto. O melhor dos diabos contra o pior dos homens."