“Cês não
sabem porra nenhuma de nós. Nos castigam pelos seus erros.
Nós apenas
vivemos aqui! Por que não entendem isso?”
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ZDM, vol. 1 |
Esse mês, sem
muito estardalhaço, a Panini lançou “ZDM: Sangue em
jogo”, o quinto volume encadernado da série publicado no
Brasil. Obviamente, como uma das minhas HQs preferidas, eu já
estou com o meu. Contudo, não dá pra entrar direto no
volume 5, por isso, vou resenhar primeiro o Volume 01: Terra de Ninguém.
ZDM tem como autor
Brian Wood e como desenhista principal Riccardo Burchielli e trata de
temas densos sobre os quais só vou falar lá no finalzinho, depois de explicar o cenário.
Imagine que, depois de
todas as incursões dos Estados Unidos em países
estrangeiros, quer pela via diplomática, quer pelas
alternativas, a população americana dos estados menos
atendidos pelas políticas federais se insurge, gerando um
movimento de revolta chamado “Estados Livres”. Esse movimento se
aproveita do fato de que grande parte da força militar do país
encontra-se no exterior e rapidamente se propaga, angariando recursos
e aliados. Na medida em que os “Estados Livres” avançam
pelo interior do Pais, o governo americano mobiliza seus recursos militares remanescentes,
até que a batalha culmina num impasse em Manhattan.
Os Estados Livres, fixam sua bandeira em New Jersey enquanto, do
outro lado, os Estados Unidos demarcam o Brooklyn, Queens e Long
Island. No meio disso, Manhattan e uma população de
400.000 pessoas pegas no meio da guerra.
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Limites da ZDM |
Iniciadas as
negociações, os lados do conflito pactuam deixar
Manhattan como uma Zona Desmilitarizada (O ZDM, do título), ou
seja, nenhum dos lados adentra aquela parte da cidade. Ocorre que os lados do
conflito representam mais que exércitos em uma guerra civil.
Eles representam pontos de vista sobre a administração
pública e, com esse acordo de desmilitarização,
deixam a população da ZDM à própria
sorte. Nem os Estados Livres invadem, nem os Estados Unidos prestam
auxílio.
Para o resto do mundo,
supõe-se que a zona foi evacuada, informação
propagada internacionalmente pelos envolvidos, que, inclusive, fecham o
acesso à informações atualizadas. Enquanto isso,
na verdade, com o abandono da segurança pública e sem
governo oficial, a violência e a miséria proliferam na
ZDM. Gangues se formam, os bairros se tornam zonas de milícia
e as próprias leis mudam ao atravessar uma rua.
A história
começa cinco anos após a demarcação da
zona desmilitarizada, quando, em razão de um cessar fogo
temporário nessa guerra civil, a Liberty News (uma emissora de
TV partidária dos Estados Unidos) envia uma equipe de
reportagem para a ZDM. Essa equipe é atacada assim que pousa e
o único sobrevivente é Matt (Matthew) Roth, um
fotojornalista que aos poucos vai percebendo as verdades sobre a ZDM.
Matt utiliza os
equipamentos que consegue aproveitar do ataque à equipe e abre
uma linha de contato para a
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Todo dia é 11/09 |
ZDM e a população do local,
que não é tão pequena, quanto informado pela
mídia e pelo governo. A partir daí, com a incursão
de Matt nessa “Terra de Ninguém”, e com a introdução
de Zee, uma estudante de medicina residente da ZDM que acolhe Matt e
ajuda-o a se locomover pela nova geografia social de Nova York, a
história se abre para questões como a política
de controle da informação pelo governo, os interesses
financeiros por trás de uma guerra, o sensacionalismo da
mídia, o abandono da população pelo poder
público e, até mesmo, para a crueldade do ser humano em
busca de sua sobrevivência e a capacidade de alguns de superar
esses instintos pelo bem dos outros.
Esse primeiro volume
nos apresenta Matt, Zee e outros personagens, grupos e lugares
importantes, bem como o impacto da chegada de um “repórter”
na área. É uma contextualização do
cenário, que engloba as edições 1 a 5 da
publicação original, envolvendo a chegada de Matt
(Terra de Ninguém, edições 1 a 3), seu encontro
com um grupo ambientalista da cidade (Fantasmas, edição
4), e sua reputação crescente e primeiro contato com os
Estados Livres (Cruzando a cidade, edição 5).
ZDM é uma das
séries que eu tenho em mais alta conta, por não tratar
de fantasia, magia ou superpoderes, mas por ter um debate sério
sobre política, governo, mídia e sociedade. Mostra que
os quadrinhos são uma via de temática flexível,
que mais que distrair ou entreter, serve também pra ensejar
reflexões necessárias sobre a sociedade em que vivemos.
WOOD,
Brian. BURCHIELLI, Riccardo, ZDM:
Terra de Ninguém. Vol. 1.
Barueri: Panini Books, 2009.
132
páginas, colorida.
Não
tem preço de capa.
Já li....muito boa....tem aqui: http://actionsecomics2.blogspot.com.br/
ResponderExcluirPude ler um pouco da série, realmente foda...
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