Lanterna Verde, Sinestro e A Guerra dos Anéis (Parte 1)

 



No dia mais sombrio, na noite mais brilhante,
sinta seus medos se tornarem uma luz cortante.
Todo aquele que o correto tentar barrar, arderá em chamas
quando o poder de Sinestro enfrentar.

Não é segredo pra ninguém que eu sou um grande fã do Lanterna. Na verdade, enquanto geralmente os DCnautas se polarizam entre Superman e Batman, eu prefiro o espírito sem medo e corporativista da Tropa. Não é só o fato da Tropa ser uma referência de diversidade física e cultural, já que engloba representantes de inúmeras raças do universo, mas a possibilidade de manipular uma energia capaz de dar forma à tudo que você imaginar, limitada apenas à sua criatividade e força de vontade é interessante demais. Sobretudo pra quem tem uma mente hiperativa...

Tio Geoff, o queridinho da DC
Mas bem, desde que assumiu o título, Geoff Johns reformulou totalmente o universo do Tropa dos Lanternas. Desde sua entrada tivemos o retorno triunfal de Hall, em Renascimento (que vai ter resenha própria, claro), e tivemos a profecia de Oa sendo cumprida, com o advento da Noite mais Densa e do Dia Mais Claro, célebres por fazerem parte do próprio juramento da tropa.

Bom, quem conhece um pouquinho do universo da tropa verde, sabe que eles são uma força da lei interplanetária, armada com seus famosos anéis energéticos. O anel é um instrumento de ligação com a bateria central de Oa, um enorme receptáculo que coleta, armazena e redireciona a energia verde da força de vontade. Há muito tempo os guardiões oanos, uma das raças mais antigas do universo, assumiram para si a função de trazer ordem ao caos e policiar os crimes cometidos nas mais diversas áreas do limite conhecido da criação. Assim, adotaram para si a energia da força de vontade coletada do espectro emocional (uma forma de energia que decorre da própria existência de vida sapiente) e, dividindo o universo em setores, criaram uma tropa para policiá-la (não sem cometer alguns erros no processo, mas isso é outra história).

Sinestro cansou de brincar sozinho
Outro ponto importante pra entender a história é conhecer Sinestro. Sinestro foi, outrora, o maior dos lanternas verdes. Vindo de um planeta chamado Korugar, Sinestro acabou corrompido pelo grande poder em suas mãos e usou a energia do anel para trazer ordem ao seu planeta natal. Essa ordem veio através da força e, com ela, Sinestro se tornou ditador em seu próprio mundo, sendo banido da tropa e vencido por um terráqueo, outrora seu discípulo, chamado Hal Jordan (Best Lanterna Ever).

Planejando vingança, Sinestro teve acesso à dimensão de antimatéria e entrou em contato com os armeiros de Qward, que desenvolveram pra ele um anel capaz de manipular uma energia amarela, similar àquela utilizada pelos Lanternas, o que tornou ele o maior inimigo da Tropa.

Olha o encadernado aqui
Envolvendo eventos que remontam à Zero Hora, à corrupção de Hal Jordan, sua morte e renascimento, Geoff Johns amarrou diversas pontas soltas na história dos verdinhos, o que nos levou a descobrir que a energia manipulada por Sinestro era o próprio medo, em essência, a emoção contrária à força de vontade.

Em Guerra dos Anéis, Sinestro eleva exponencialmente seu conflito com a tropa e, angariando recursos e novos aliados, constrói uma bateria amarela gigante, similar a utilizada pelos guardiões, para acessar o espectro emocional. Assim, ele passa a criar novos anéis amarelos e formar sua própria tropa, composta pelos seres mais aterrorizantes da galáxia.

No primeiro volume de Guera dos anéis, Sinestro começa a formar sua Tropa. Os lanternas verdes, por sua vez, tomam conhecimento do recrutamento e acabam levando a batalha até ele, quando descobrem que os planos do inimigo vão muito além de apenas vingança. Enquanto vai atrás de seus objetivos, Sinestro leva os guardiões ao seu limite, enseja mudanças drásticas na própria Tropa e traz a batalha ao lar de alguns dos maiores Lanternas Verdes: a própria Terra.

O roteiro é escrito em dupla, pelo atual queridinho da DC, Geoff Johns e Dave Gibbons. Os desenhos envolvem os trabalhos de Ethan Van Sciver, Patrick Gleason, Angel Unzueta e o brasileirinho Ivan Reis.

É guerra, mano!!!

A história é obrigatória para quem gosta do Lanterna Verde e, como eu disse, amarra várias pontas soltas, além de ser um prelúdio necessário para os eventos que se desenrolam com o surgimento da força do medo.




JOHNS, Geof; GIBBONS, Dave. Lanterna Verde – A guerra dos Anéis, parte 1 de 2. Barueri: Panini Books, 2014.
Capa Dura. 180 páginas. Colorida.
Preço de Banca: R$ 27,90.


Planetary, Pelo mundo todo e outras histórias.



Elijah Snow: É um mundo estranho...
Jakita Wagner: ... vamos mantê-lo assim.


Olha o time aí.
Depois de um longo período, cumprindo o compromisso de resenhar o Top10/2014, vamos falar de Planetary, arqueólogos do impossível. Planetary é uma série fechada, com roteiro de Warren Ellis e arte de John Cassaday. A série, por si mesma, é uma grande homenagem aos anos 80 e a todo o cenário pop/nerd/cult, cheia de referências, algumas facilmente identificáveis, daquelas que deixam todo nerd com um sorriso nos lábios ao reconhecer de onde veio aquilo.

O roteiro é focado em uma organização que dá título à série. O Planetary é uma instituição que pesquisa o passado e presente obscuro da Terra, em especial nos últimos 100 anos, investigando fatos, mitos e lendas diversas e descobrindo verdades aterradoras por detrás delas: a história oculta do mundo, envolvendo cientistas loucos, realidades alternativas, pessoa com superpoderes, monstros e alienígenas que meteram o bedelho para nos trazer até aqui. O Planetary é mantido por um misterioso “Quarto Homem”, assim nomeado porque o time de campo é sempre composto por outros três membros, enquanto o patrocinador permanece nas sombras, elaborando as missões e catalogando os resultados.

As histórias são, em maioria episódicas, e algumas vezes descontinuadas, movendo-se para frente ou
Warren Ellis
Não faltam britânicos doidos
nos quadrinhos
para trás de acordo com a necessidade de explorar fatos novos e o modo como eles se relacionam com história antigas. E nesse cenário, o pano de fundo vai se desenrolando. 

O primeiro encadernado, publicado pela Panini, é chamado de “Pelo mundo todo e outras histórias” e engloba 6 edições da série e o preview que lançou a idéia.

Em “Pelo mundo todo” somos apresentados à premissa dá série. Jakita Wagner, uma agente super forte e resistente do Planetary está recrutado o terceiro membro do atual time de campo e entra em contato com Elijah Snow, um homem que beira os 100 anos de idade, embora tenha parado de envelhecer aos 30 e poucos e que tem poderes sobre a temperatura. Jakita oferece a Snow e apresenta ele ao Planetary. Convencido a analisar a proposta de emprego e conduzido até uma das sedes, Snow conhece o Bateirista, o segundo operativo, um “maluco” capaz de falar com as máquinas e manipular informações. Ao receber a primeira missão, eles nos apresentam um grupo de personagens ilustres do passado e o conceito de multiverso que vai ser reiterado diversas vezes durante a série.

Olha a capa da Panini
Ilha”, por sua vez, é uma homenagem a todos os filmes de monstros gigantes, de Godzilla a Gamera, quando o Planetary vai investigar uma ilha japonesa escondida do resto do mundo e guardada pelo exército nipônico, cujas lendas mencionam a existência de criaturas enormes resultado da exposição de animais à radiação (conhece a história?). Divirta-se identificando os monstros que aparecem na história.

Pistoleiros Mortos” leva o Planetary à Hong Kong e a uma história de fantasmas e vingança.

Em “Portos Estranhos”, após a explosão de um prédio, um misterioso objeto de orígem desconhecida está sendo investigado pelo Planetary, quando detetive particular, perseguindo um ladrão, acaba por entrar o cenário da escavação e ativar o objeto, se desintegrando no ar. O mistério começa quando, alguns segundos depois, ele reaparece sobre o objeto e conta sua história.

O bom doutor” nos leva a um personagem que apareceu como coadjuvante na primeira história e revela um pouco do passado de Axel Brass, que assim como Snow, também tem quase 100 anos e nasceu na virada do século, colecionando aventuras dignas de clássicos dos filmes B e formando uma liga similar ao Planetary, identificando e contendo segredos ocultos que ameaçavam a humanidade.

Então, chegamos à “4, uma história de Planetary”, onde conhecemos os vilões da série. Um quarteto de pesquisadores se aventura numa missão espacial e voltam pra terra mudados, imbuídos de poderes fantásticos. Contudo, ao invés de se tornarem super-heróis, eles decidem angariar tecnologia e recursos para si mesmos, se tornando “Os quatro”, conduzindo o desenvolvimento da humanidade das sombras, de acordo com seus próprios interesses. Quando Elijah se encontra com um dos membros desse quarteto sombrio, segredos do passado começam a se delinear. Sim, se você prestou atenção, os vilões também são uma homenagem a um outro quarteto dos quadrinhos.



Resta, então, “Primavera Nuclear”, a história curta na qual o Planetary foi apresentado, que mostra o trio investigando um general do exército americano, que tem como segredo uma história envolvendo um experimento militar, um acidente, e um cientista que, para salvar alguém, se expõe à experíência e sobrevive a ela, se tornando uma criatura monstruosa e superforte (Sim, lembra aquele cara que ESMAGA!);

A Panini já publicou a série inteira, composta por quatro encadernados e uma edição especial, envolvendo dois crossovers com outros personagens da DC: um com a Liga da Justiça e outro com o Authority. Cada um merece sua resenha própria. Essa foi só pra dar um gostinho.

Eu li Planetary a primeira vez por scans, mas era uma das coisas que eu PRECISAVA ter na minha coleção. Pelo resumo das histórias vocês já perceberam que é uma série cheia de referências e acho que não tem erro em dizer que todo mundo adora isso. Ellis foi sensacional ao repaginar os mais variados elementos da cultura pop e inseri-los como mistérios a serem desvendados pelos seus arqueólogos do impossível. Recomendo muito a série pra todo mundo que gosta de super-heróis, monstros e mistérios, especialmente aqueles envolvendo realidades paralelas e muita ficção científica de qualidade.

Ah, o encadernado ainda vem com uma introdução de ninguém menos que Alan Moore.




ELLIS, Warren; CASSADAY, John. Planetary – Livro 01: Pelo Mundo e outras histórias. Barueri: Panini, 2013.
164 páginas, colorida.

Preço de Capa: R$ 21,90.

Toda a valentia de “Valente”


Criador e criação
Valente foi, sem dúvida, a minha melhor surpresa nos quadrinhos nacionais em 2014. Criação de Vitor Cafaggi, que muita gente deve conhecer por Turma da Mônica – Laços, esta última feita por ele em parceria com a irmã, Lu Cafaggi, Valente se destaca pelo tom irreverente e confidencial. Na verdade, suspeito que quase autobiográfico. A série começou publicada no jornal O Globo, na forma de tirinhas e foi ganhando espaço, tanto que hoje já são 4 livrinhos.

Valente é um garoto que está naquela fase de descobertas, no meio da adolescência. Ele não é o garoto popular, tem hobbies não muito comuns (gosta de truques de mágica), amigos “estranhos” (e quem não tem?) e dificuldade em falar com meninas. Ao invés de balada, se reúne com os amigos pra rolar dados e matar orcs e sempre mete os pés pelas mãos sempre que se apaixona.




Uma pequena amostra do traço e da história
É impossível não se identificar em algum momento com o cãozinho adolescente. A leitura te proporciona risadas e aquela confortável sensação de “eu sei como é passar por isso”. O roteiro aparentemente inocente de "garoto conhece garota" vai cedendo espaço pra piadas visuais e sociais e muita referência à cultura pop. Senhor dos anéis, D&D, um pouco de música, cinema, coisas que não vale a pena spoilear. Caçar as referências é uma das (muitas) diversões que Valente te proporciona.

Tio Gui já tem todos
São quatro encadernados já: Valente para sempre, Valente para todas, Valente por opção e Valente para o que der e vier. Neles, vamos acompanhando o protagonista e as pessoas que entram e saem da sua vida, amigos, amores, família. A dificuldade de começar e terminar um relacionamento. A escolha entre dois amores, a paixão pela garota popular.  Ao mesmo tempo a vida vai mudando e Valente sai da escola para entrar na faculdade, descobrindo que ao mesmo tempo que tudo muda, muita coisa permanece igual.

Outra coisa que vai gerar muita identificação são os coadjuvantes. Os amigos, a melhor amiga, a paixonite, a ex, a ex que quer reatar... Acho que todo mundo já teve uma Dama, uma Princesa na vida. Todo mundo já foi Valente e todo mundo tem uma Bu em quem se socorrer. Leia a história e identifique os seus, tenho certeza que eles estão por aí.


Com direito a autógrafo
Sobre a arte, o traço do Cafaggi é limpo, com uma atenção à expressão das emoções, que ganham mais destaque, inclusive, vez que os personagens são retratados animais “humanizados”. Aliás, sempre fico traçando paralelos entre a espécie e a personalidade dos animais. O elefante é paciente, o coelho meio alheio à tudo, o rato é reclamão...

Valente é diversão garantida! Se você gosta de histórias fofas, bem construídas, com personagens envolventes e uma sensação constante de identificação, com certeza você vai gostar.

Se tiver ficado curioso, você também pode dar uma olhadinha no blog Puny Parker, onde tem muitas tirinhas dos livros, bem como várias ilustrações pra você conferir o talento do Vitor.

Nota 04: Mesa da SALA - Onde todo mundo possa ver

CAFAGGI, Vitor. Valente. Valente para sempre. Barueri: Panini, 2013
CAFAGGI, Vitor. Valente. Valente para todas. Barueri: Panini, 2013
CAFAGGI, Vitor. Valente. Valente por opção. Barueri: Panini, 2013
CAFAGGI, Vitor. Valente. Valente para o que der e vier. Barueri: Panini, 2014
Preço de banca: R$ 14,90 cada



Tecnologia do Blogger.